O documentário Palmares eterno pode ser trabalhado no Ensino Médio. Ele apresenta, por meio de encenações e imagens simulativas do século XVII, o quilombo mais conhecido do Brasil: Palmares.
Sugerimos que algumas temáticas sejam abordadas previamente para elucidar a visualização do vídeo:
- Colonização do Brasil;
- Escravidão dos negros africanos no Brasil;
- Resistência, quilombos e outras organizações.
Para auxiliar na discussão, confira o resumo a seguir.
No final do século XVI, os negros escravizados construíram várias fortalezas contra a opressão que sofreram e lutaram pela liberdade. Palmares foi o mais famoso quilombo do Brasil e até hoje é um símbolo de resistência do povo afrodescendente. O quilombo dos Palmares ficava na região da Serra da Barriga, em Pernambuco, e reunia escravizados que fugiam de várias regiões.
Essa área tinha um chefe e uma organização e o mais conhecido líder foi Zumbi. Eram vários núcleos com diferentes tamanhos e em locais dispersos. Palmares foi permeado por vários interesses, pois alguns fazendeiros queriam espaço para a criação de gado, então faziam acordos com os quilombolas, mas também existiam fazendeiros que atacavam o quilombo para capturar escravizados fugitivos.
Por sua influência, o quilombo se tornou uma ameaça para o governo, que sentiu a necessidade de enfrentar os palmarinos. Assim, foi contratado um sertanista experiente em guerra dos matos, conhecido como Domingos Jorge Velho. Em troca da destruição de Palmares, Jorge Velho exigiu títulos e terras em regiões estratégicas perto do mar, visto que eram propícias ao comércio. Depois que o contrato foi aprovado, Jorge Velho partiu em direção a Pernambuco, mas teve que mudar sua trajetória para combater as rebeliões dos índios janduís no Ceará e no Maranhão.
Alguns anos depois, Jorge Velho chegou a Pernambuco e exigiu armas, munições, mantimentos, além de ter causado desconfiança entre os poderosos fazendeiros da região. Sua tropa ficou pronta com um exército forte composto, em sua maioria, por indígenas, mamelucos e negros libertos experientes em guerras africanas.
Antes da guerra, Dom Pedro II recebeu o último pedido para fazer as pazes com o quilombo, mas o padre Antônio Vieira (muito influente) condenou essa atitude e considerou que não era possível negociar com os quilombolas enquanto eles não se rendessem. Desse modo, era melhor destruí-los.
O exército chegou a Palmares e viu uma fortaleza guardada por soldados e construída por pedaços pontiagudos de madeira. Os quilombolas reagiram com armas, fogo, espadas, flechas e armadilhas. A defesa estratégica do quilombo fez as tropas de Jorge Velho recuarem. Contudo, ele solicitou canhões (arma mais letal da época) para derrubar as muralhas e criou uma cerca que durou 22 dias.
Em uma madrugada, os quilombolas furaram a barragem com a liderança de Zumbi. Foi um período de terror e Palmares não resistiu. Após a queda do quilombo, o governador de Pernambuco festejou a vitória, mas Zumbi e alguns companheiros conseguiram fugir e continuaram a luta contra as autoridades coloniais por muito tempo. O líder do quilombo foi descoberto após a traição de um dos palmarinos que foi preso. Para comemorar, o governo colocou a cabeça de Zumbi no lugar mais público da praça.
Zumbi é a consolidação de uma identidade nacional com conexões africanas. É um símbolo de um herói e de um povo que resiste. Atualmente, ele e outros líderes são ícones políticos de uma luta pela cidadania e contra o racismo.
Sendo assim, é fundamental trabalhar esse e outros movimentos de luta nas escolas. Para isso, ficam algumas sugestões de atividades após a turma assistir ao vídeo:
- Discussão em grupo sobre as temáticas abordadas;
- Criação de poemas e manifestações artísticas e culturais que exaltam a cultura do povo negro – como músicas, danças, vestimentas, comidas típicas e contação de histórias de autores africanos ou afrodescendentes – para comporem um trabalho coletivo de reconhecimento e valorização do papel dos negros africanos para a construção da identidade brasileira;
- Sarau ou outro evento escolar para promover uma imersão na cultura africana e afrodescendente, que também pode ser transmitido pela internet, com as atividades citadas e palestras sobre racismo.
A partir do uso dessa obra audiovisual na sala de aula, podem ser trabalhadas as seguintes competências e habilidades da BNCC nas áreas Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
2. Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética.
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS601) Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.